"Um dia faço um blog apenas para responder aos 27(!) e-mails que recebi nos últimos dias. Mulheres que leram o post anterior e que não deixaram passar um pormenor: eu já fui amante de um homem.
E escreveram-me sobre isso. Sobre o texto, sobre o perdão, não falaram mas sobre esse pormenor acharam-se no direito de opinar.
Não me lembro de ter pedido a opinião sobre o assunto nem tão pouco admito juízos de valor de quem não conheço. A avaliar pelo que li parece que tenho capacidades fantásticas de desiludir pessoas que não conheço nem me conhecem a mim.
Por isso um dia faço um blog. E conto uma história. A minha e a das outras. Das outras que tal como eu também foram outras mas não deixaram de ser pessoas.
E talvez essas 27 leitoras percebam que nem todas as amantes são putas e nem todas as esposas são santas; nem todos os maridos são infiéis e nem todos os infiéis são cabrões.
E que há histórias erradas mas que dão aparência de ser certas e certas baseadas em pressupostos errados.
Por isso um dia faço um blog. Não sei se terá muitas leitoras.
Qualquer esposa insegura prefere dores de parto, depilação a quente ou mudar um pneu de um camião a ter de ler algo sobre infidelidade.
Qualquer esposa insegura prefere ser amiga do diabo a ter uma outra como amiga.
Fala-se de infidelidade como se fala de uma doença sem cura. Baixinho, baixinho para ninguém ouvir. E tal como uma doença sabe-se que existe mas espera-se (e reza-se) para que nunca nos calhe a nós.
Por isso um dia faço um blog. Vamos falar dos truques delas, deles e das outras? Vamos falar dos jogos sujos delas, deles e das outras? Vamos falar das vidas delas, deles e das outras?
Vamos, pois. Mas é tudo um faz de conta. A infidelidade não existe. Durmam descansadas."
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